sexta-feira, 24 de abril de 2009

25 de Abril - 35 anos depois

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A Revolução militar do 25 de Abril de 1974 derrubou num só dia o regime político que vigorava em Portugal desde 1926 - o regime fascista -, sem grande resistência das forças leais ao governo, que cederam perante a revolta das forças armadas.
O motivo da revolução resume-se à precária situação económica, social, militar, política e ideológica que vigorava no país, aliada à falta de liberdade de expressão.

A Revolução

5 minutos antes das 23h do dia 24 de Abril de 1974, nos estúdios da Rádio Alfabeta dos Emissores Associados de Lisboa ouvia-se a música “E depois do adeus” de Paulo de Carvalho. Era o sinal para as tropas avançarem.
A "senha", constituída pela canção Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso, foi posta no ar no âmbito do programa Limite da Rádio Renascença, às 00h30m do dia 25, antecedida da leitura da sua primeira quadra. Esta segunda senha serviu para informar todos os quartéis e militares que aderiam ao golpe, de que tudo estava preparado e a correr conforme o previsto.
Era o arranque sincronizado e irreversível das forças oficiais intermédios da hierarquia militar do MFA (Movimento das Forças Armadas).
O MFA, na sua maior parte, era constituído por capitães que tinham participado na Guerra Colonial. A figura em destaque deste grande dia foi o Capitão Salgueiro Maia, que foi o porta-voz e cabecilha dos militares.
Com o amanhecer, as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, apoiando os soldados revoltosos. Alguém começou a distribuir cravos vermelhos pelos soldados que depressa os colocaram nos canos das espingardas. O cravo tornou-se no símbolo da Revolução de Abril de 1974.
Com a revolução dos cravos regressam as liberdades de opinião, de expressão e de imprensa. Passados 35 anos após a Revolução, continua-se a falar sem medo de ser punido por aquilo que se diz e pensa.

5 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Jorge Simoes disse...

No dia 25 de Abril de 1974 encontrava-me em Angola, para onde tinha emigrado 23 anos antes, ou seja em 1951, com 15 anos de idade, porque na minha terra no Alentejo, não conseguia, por motivos económicos, estudar como era minha ambição.
Com uma situação económica estável, um emprego, família constituída,
nunca me passou pela cabeça que teria de vir embora de Angola três anos depois, por falta de segurança, porque cheguei a andar dentro de Luanda, com a família dentro do carro, a fugir dos tiroteios em plena cidade.
Porque me convenci que faria a minha vida em Angola, terra de que me apaixonei, custou-me imenso regressar, sem futuro garantido.
O 25 de Abril representa para mim uma data que me deixa um travo amargo, porque perdi os melhores da minha vida, não voltei a ter a alegria que lá tinha, de viver numa terra de futuro, por culpa de uma descolonização que nem resolveu os problemas em Angola, nem cá em Portugal, como comprova a situação actual do nosso país, que continua a ser um país adiado, sem futuro, cada vez mais dependente, mais assimétrico, com uma minoria a viver bem, de mais, e uma maioria a lutar pela sobrevivência e sem perspectivas de futuro para si e para os seus.

Jorge Simões

Vítor Proença disse...

Município de Abril
Em plenas comemorações do 35º aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 é importante uma reflexão sobre as importantes transformações que se operaram no nosso país que marcaram definitivamente as nossas vidas.
Mais de que um dia Abril foi o abrir portas para um conjunto importante de conquistas que nos trouxeram liberdades, direitos, garantias, progresso e melhoria nas condições de vida.
É certo de que algumas dessas conquistas foram e são fortemente atingidas por aqueles que defendem e pretendem uma recuperação dos grandes interesses económicos e financeiros.
Para além de importantes transformações em todo o país, Abril trouxe ao nosso município importantes transformações, entre as quais, o Poder Local Democrático.
Há duas testemunhas importantes: os mais velhos e as fotografias.
Os mais velhos que recordam o que era a vida e a vivência em muitas aldeias e locais do nosso município com uma enorme quantidade de carências. As fotos antigas porque permitem comparar o que era o município e as transformações de desenvolvimento que as freguesias passaram a dispor: electricidade, recolha de lixo, abastecimento de água potável, esgotos, arruamentos, equipamentos desportivos, centros de dia, salas de convívio, habitação, loteamentos, áreas de localização de empresas, novos serviços públicos, entre muitas outras realizações.
O Poder Local Democrático é uma das grandes conquistas de Abril. Com o voto universal a população passou a dispor da liberdade de eleger. Com o processo democrático os moradores, muitas vezes através dos seus representantes eleitos, nas associações, passou a dispor da possibilidade de concretizar mais rapidamente as suas reivindicações e satisfação de necessidades.
Criaram-se associações de moradores, clubes desportivos, associações culturais, grupos corais, um rancho folclórico, associações de pais e de estudantes.
Quando comemoramos Abril é indispensável assinalar as dificuldades que este Poder Local também está a viver. Sobretudo de ordem financeira. Querer combater o défice público penalizando fortemente as autarquias locais é uma má opção. Porque quem será penalizada é a população.
Garantimos que continuaremos empenhados em desenvolver este município, modernizá-lo e procurando conseguir novas melhorias na qualidade de vida de quem aqui vive e trabalha, estamos a construir um futuro melhor.

mensagem de Vitor Proença, Presidente da CM Santiago do Cacem

Egídio Fernandes disse...

As conquistas de Abril, onde estão elas?

Celebrar a Revolução de Abril é hoje para os cidadãos o mesmo que celebrar outra qualquer data histórica em que se recorde o libertar das amarras. O 5 de Outubro ou o 1º de Dezembro são datas que aludem também à Liberdade.
Tomando como verdade que as revoluções "engolem" os seus principais obreiros, não gostaria de constatar que as revoluções se fazem em nome do povo mas que esse povo, com o tempo, não será o principal beneficiado.
É por aqui que acho, que 35 anos depois da revolução feita por generosos Capitães e à qual a maioria do povo aderiu incondicionalmente, e fazendo um balanço sobre os seus ideais, constato que este dia é festejado por toda a gente desde a Esquerda, à Direita passando por uma pretensa esquerda que de esquerda só tem um posicionamento fisico relativamente a outros, áqueles que elegem os ditadores anteriores como seus Ídolos.
É óbvio que muita coisa mudou para melhor (e o que é melhor para uns, não é necessariamente melhor para todos o que se entende bem), mas, não estarão os portugueses a deixar caír os ideais de Abril?
Ao nível do poder central nestes 35 anos, os Portugueses deram de "mão beijada" 3 maiorias absolutas a outros tantos governos.
De crise em crise lá se foram governando e atacando direitos que muitos pensavam ser inaleanáveis.
Temos hoje um poder tão arrogante como antigamente e com a agravante de demonstrar todos os dias a sua incompetência. A participação democrática dos Portugueses anda muito por baixo (nota-se pela abstenção), e isto tem as consequências que já muitos milhares sentem, o desemprego, o trabalho sem direitos, muitos cada vez mais pobres e alguns cada vez mais ricos.
Onde anda a Justiça Social? Onde está, a Justiça?

José Catarino disse...

25 de Abril de 1974, lembro-me bem! Trabalhava então para a PETROSUL no projecto da Refinaria de Sines. Tinha sido marcada para esse dia uma importante reunião com o então Director do projecto Eng. Silva Pinto e os concorrentes ao fornecimento da instrumentação para a refinaria, na Rua de Artilharia Um, sede da companhia. Cheguei por volta das 9:30 hs e estranhei ver muito pouca gente nos escritórios. Do meu chefe e dos representantes dos fornecedores, nada. Então uma secretária informou-me que tinha havido uma revolução. Os Fornecedores tinham ficado retidos nos hotéis e o meu chefe não tinha conseguido chegar de Oeiras, onde morava, a Lisboa.
O meu primeiro pensamento foi para minha mulher a quem telefonei para que não saísse de casa. Depois foi para minha mãe que vivia sozinha em Lisboa e a quem telefonei para que preparasse uma mala com roupa para vir para minha casa. Fui busca-la à Av. de Roma e ao passar pelo cruzamento da António Augusto de Aguiar com a Fontes Pereira de Melo vi um grande aparato policial junto à esquadra aí existente. A viagem até minha casa na Lapa decorreu sem incidentes.
Depois foi o ficar colado à TV com o ouvido na rádio para ir seguindo os acontecimentos. E uma vez ou outra à janela para ver os helicópteros a descerem ou subirem em Belém.